“A inclusão dos imigrantes no processo de sustentabilidade económica através da sua integração, do seu reconhecimento e do respeito pelos seus direitos” é um dos principais propósitos da Nova Direita, o recém criado partido liderado pela luso-angolana e franco-angolana Ossanda Liber, que deixa em aberto a possibilidade de coligação com o Chega, partido da extrema direita e anti-imigração em Portugal.
“Se os portugueses assim o desejarem, sim”, respondeu Ossanda Liber, quando questionada esta quarta-feira pelos jornalistas se uma eventual coligação eleitoral com o partido de André Ventura era uma hipótese.
É a primeira imigrante e mulher a liderar um partido alternativo de Direita em Portugal. Nesta quarta-feira, no Dia Internacional da Mulher, a Nova Direita entregou no Tribunal Constitucional as 7.600 assinaturas para a formalização do movimento em partido político.
Ossanda Liber explicou aos jornalistas o motivo da escolha de efeméride para oficializar o partido e desvendou qual a mensagem que pretendeu transmitir ao país – Portugal.
“Uma das linhas de força importantes deste novo partido, liderado por uma mulher, é precisamente o reforço da posição da mulher na sociedade e na gestão dos nossos destinos coletivos porque as quotas obrigam, mas porque se lhes reconhece mérito, vontade e força para fazer acontecer”, disse Ossanda Liber, lembrando um debate antigo mas que continua atual e nunca consensual na sociedade portuguesa: a posição de liderança e gestão.
E às forças políticas ideologicamente à Direita, a dirigente política deixa mensagem face ao rumo que seguem.
“Há muito que a Direita está desestruturada, desorganizada, pouco ou nada fiel aos seus princípios, e, infelizmente, mais interessada nos soundbites, no populismo, na reacção, muito mais do que na ação, e por esse caminho parece-nos que tão cedo não irá merecer a confiança dos portugueses para nos governar”, até porque são “partidos que ora são mais esquerdistas do que os socialistas, ora mais troikistas do que a troika”, considera.
Por isso garante que futuramente a Nova Direita irá fazer renascer uma Direita “forte, pragmática, responsável e respeitável” em Portugal.
O HISTÓRICO DE UMA CANDIDATA INDEPENDENTE
Em 2021, Ossanda Liber foi cabeça de lista do Somos Todos Lisboa à Câmara da capital portuguesa.
Num jantar-comício que organizou para uma centena de pessoas, a própria Ossanda Liber assegurou que “o fim” do movimento cívico Somos Todos Lisboa não seria as eleições autárquicas, “independentemente dos resultados”.
Ossanda Liber perdeu as eleições que foram ganhas por Carlos Moedas do Partido Social Democrático (PSD).
No fim de uma breve intervenção no jantar que marcou a noite eleitoral que cruzou o fado e a música africana com a necessidade de “humanizar” a capital portuguesa, Ossanda Liber adiantou que o movimento Somos Todos Lisboa era uma candidatura que estava “aberta a todos, indiscriminadamente”.
Ao jornal É@GORA, a candidata de nacionalidade angolana e francesa admitiu na altura a inflexão que a sua equipa teve que fazer ao preparar um programa que começou por pretender “dar voz à imigração”, mas depois “passou a ser mais amplo”.
Assim, na época Ossanda Liber assinalou que a lista por si encabeçada para as eleições autárquicas de 2021 visava “todos os lisboetas, independentemente da sua origem, das suas caraterísticas, sua condição financeira”, até porque o grupo independente era “pela inclusão de todas os lisboetas que sentissem a necessidade de ter voz”.
Mais tarde, Ossanda Liber filiou-se ao Aliança, onde chegou a vice-presidência do partido criado por Santana Lopes, ex-primeiro-ministro de Portugal, entre 2004 e 2005, antigo militante do PSD e hoje presidente da câmara municipal da Figueira da Foz, distrito de Coimbra.
No Manifesto divulgado na sua página oficial, a Nova Direita diz num dos seus 21 objetivos defender “a pluralidade política” e promover “a diversidade enquanto factor susceptível de enriquecer o debate político”.
E assegura: “A Nova Direita é um Movimento que recusa o sectarismo e é aberto a todos os cidadãos independentemente da sua origem política ou do seu lugar de residência. Para nós, os cerca de 5.000.000 de portugueses residentes no estrangeiro, têm o direito de participar no processo democrático e na evolução da nossa sociedade, na mesma medida que os residentes em território português”.
No campo das Migrações, o mais novo partido político português propõe-se resolver a situação dos cidadãos estrangeiros residentes em Portugal e dos portugueses que emigram em busca de melhores condições económicas.
“Para nós, os cerca de 5.000.000 de portugueses residentes no estrangeiro, têm o direito de participar no processo democrático e na evolução da nossa sociedade, na mesma medida que os residentes em território português”, lê-se no Manifesto que defende “a inclusão dos imigrantes” e “a valorização dos emigrantes garantindo-lhes todos os seus direitos inerentes à cidadania portuguesa”.(MM)
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